domingo, 27 de fevereiro de 2011

Sexata discute: sensualidades na contemporaneidade

Um lenço jogado no chão por uma dama que se vestia dos pés a cabeça com metros e mais metros de tecido, um olhar de canto de olho, carregar os livros da amiguinha da escola, trazer a maior caça, ser dono de fazenda, dirigir um carro do ano. Poderia citar milhares de exemplos de coisas que foram ou são expressões da sensualidade em cada época. O que é ou deixa de ser sexy depende completamente do contexto cultural em que se vive, do momento histórico, do local.

É um desafio para aqueles que fazem parte de algumas gerações anteriores explicar as formas de expressão da nossa sensualidade em um universo tão multiplo e interconetcado e ao mesmo tempo tão frio com todas as transformações que a era da internet nos trouxe e que ainda gerará diversos desdobramentos que mal podemos prever.

Ao mesmo tempo para a galerinha que está chegando na pré-adolescência e na adolescência isso já está extremamente consolidado, mas como eles não tem a capacidade de formulação ideal, ainda, para desenvolver esta discussão, cabe a nós aqui, no meio termo, a geração que nasceu sem internet mas que transpôs sua rede de significados para este universo virtual o desafio de explicar, começar a puxar o fio do novelo.

Vocês devem estar se perguntando o que aconteceu com a Bruna que está falando todas essas coisas diferentes e complicadas, pois bem, inaugurando nossa label "filosofia de motel" eu quis aproveitar um momento de transformação e reflexão (meus processos constantes) para levar nossa conversa para um outro nível. Não se preocupem, os outros posts que estiverem fora dessa label trarão o mesmo sexo escrachado de sempre.

Como escritora é claro que as palavras sempre exerceram um poder sobre mim, sobre meu universo interior, meus desejos, meus anseios, minha sexualidade e também sobre minhas paixões, em todos os níveis. Convivendo cotidianamente com a internet há mais de 10 anos já me apaixonei pelas palavras antes da carne um tanto de vezes. Acabamos por nos interessar e ver naquelas palavras escritas na tela um outro ser humano, como nós, que muitas vezes atende aos nossos anseios, nossa busca.

Creio que hoje, diferente de alguns anos atrás, quase todos já viveram uma paixão virtual, ao menos uma paixonite, uma coisinha, um anseio, um super interesse por um alguém que nunca viram de verdade. E dezenas e dezenas de textos na internet falam sobre isso, não vou insistir no mais do mesmo.

Mas, o que nos leva a desejar sexualmente, sentir tesão mesmo, por alguém que nunca sequer olhamos nos olhos?

Eventualmente isso acontece, com maior ou menor força em nossas vidas. Conhecemos alguém por algum dos muitos caminhos que a internet nos oferece e essa pessoa desperta algo que não é nos domínios do coração e sim do desejo carnal.

Claro que para alguns deve ser algo simples como: viu uma moça de peitos gostosos já conversa de pau duro. Viu um cara de barriga de tanquinho, já diz oi querendo escalar cada degrau. Todo meu respeito a estes simplistas, mas para mim o tesão se encontra conectado a outro universo de sentidos.

Centralmente, meu desejo é desperto por aqueles que dominam o universo das palavras e dos questionamentos, por aqueles que conseguem carregar de significados cada pixel. É um tesão intelectual, aquele que sentimos quando lemos um livro que muda nossa vida, mas é um tesão intelectual  que se expressa sexualmente, em desejo carnal.

Desejo de ver aquelas palavras, que podem ser, ou não, expressões diretas deste desejo, metamorfoseadas em toques e cheiros e gostos e gozos. Todo o desejo represado (e aguçado por sonhos extremamente realistas) quer ser maremoto, abalar nossas estruturas de fato.

Sensual é, pois, aquele que consegue transformar letras em toques sutis em um corpo, mesmo que estando há quilometros de distância. Ser sensual é ter o poder sobre as palavras, muito mais do que um corpo esculpido nos padrões midiáticos. Mas isso não está ao alcance de todos. Felizmente tem aqueles que se deixam seduzir por fotos e padrões, por posses e dinheiro... assim todos podem ser felizes.

Da minha parte, quero ter meu corpo coberto de palavras.

3 comentários:

  1. vou comprar uma canetinha para desenhar mil palavras pelas curvas do teu corpo, assinar meu nome na sua vontade e pintar o quarto com o nosso som.

    te espero.

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  2. a-do-rei esse blog! acho que você deveria postar coisas sobre sexo anal^^
    beijos

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  3. Nossa, uma pena que você nunca postou mais nada em seu blog. Sempre passo por aqui...=/

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